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O Pequeno Caminheiro (parte 3)
O Pequeno Caminheiro (parte 3)

O Pequeno Caminheiro Parte III

(Sócrates Di Lima)

O dia seguinte amanheceu,
Todos ainda dormindo quando o Sol os acordou:
- E ai cambada... não vão acordar não?
O pequeno caminheiro abriu os olhos,
E a claridade do dia quase o irritou.,
Olhou ao redor, somente o bicho preguiça dormia.
O pequeno caminheiro olhou pro alto e se espantou.
- Quando esse bicho chegou?
E o Facão retrucou,
- Ele chegou assim que você dormiu, pediu para ficar e aqui dormiu.
- Acorda ele, pois, já vamos levantar acampamento.
- Para onde vamos meu amigo, estamos com fome, disse o tatu.
- Não sei, vamos seguir em frente.
E todos se levantaram, até o bicho preguiça concordou e seguiram o menino.
Já eram nove horas da manhã e nada de comida.
De repente o Falcão deu um pulo a apareceu com uma cobra no bico, que gritava feito louca.
- Socorro, alguém me ajuda, tira esse animal do meu pescoço.
O menino gritou.
- Larga ela Falcão, coitadinha, ela é velha...
O falcão largou a cobra que se esborrachou no chão.
- Velha é a vovozinha, falou a cobra para o menino.
- Oh! Resmungou o menino.
Logo surgiu uma árvore e fizeram uma roda e traçaram planos para o dia, onde iam arranjar comida.
O falcão levantou vôo e lá do alto gritou.
- Tem um milharal ali na frente, vamos pra lá.
Todos seguiram o Falcão, mas quando entraram no milharal, o menino pegou uma espiga de milho e ouviu um grito.
- Saiam da minha propriedade seus ladrões ou eu atiro na "bunda" de todos.
Nisso saíram correndo sem olhar para traz.
O menino parou e enfrentou o velho que tinha uma espingarda na mão apontando para ele.
- Senhor, nós estamos com fome, não queremos roubar nada que é seu, por favor, deixa a gente pegar umas espigas de milho para matar nossa fome, e nos dê um pouco de água. Disse o menino.
- Nada disso, vão embora, nem água nem comida, sumam daqui.
O menino cabisbaixo chamou os companheiros e foram embora.
Caminharam alguns quilômetros quando o céu escureceu.
- Olha, o céu está escurecendo, muita chuva vem ai, disse o tatu.
- Precisamos nos apressar, gritou a cobra para o bicho preguiça.
- Vão vocês, eu chegarei lá, resmungou a preguiça.
-Não, vamos todos juntos, disse o menino.
- É assim que se fala, gritou o urubu do galho de uma árvore.
Começou a chover e o Falcão do alto gritou:
- Tem uma casa ai na frente, vamos pra lá.
Ao chegar à porteira, a borboleta falou:
- Será que não vão nos matar?
- Não, não estamos vendo ninguém, vamos para o celeiro, está aberto. Disse o menino.
Dirigiram-se ao celeiro, entraram e deram de cara com o cavalo.
- Quem são vocês? Relinchou o cavalo.
- Queremos abrigo, tem um lugarzinho ai para nós?
-Entrem ali no feno ta quentinho, vão pra lá.
E, ali ficaram até a chuva passar.
Era treze horas, a tarde ainda escura, já não chovia e o sol começara a surgir.
Havia ao longe um arco-íris, e o dia ficara mais bonito.
-Para onde vamos, falou o tatu.
-Vamos voltar e seguir o norte, disse o menino.
- Mas, vamos passar lá onde aquele homem quis nos matar, falou o urubu.
- Não vamos mexer em nada que é dele.
Nesse momento chegou o dono da fazenda e uma menina.
- Pai, olha, tem um menino com aqueles animais, veja?
O pai olhou se assustou e foi até lá.
Todos ficaram com medo.
-Quem são vocês, perguntou o dono.
- Somos caminheiros, todos amigos, estamos indo para algum lugar. Falou o menino.,
- E onde é esse lugar?
- Não sabemos ainda, mas, estamos com fome, tem alguma coisa para nos dar? Disse o menino ao dono.
- Esperam, vou buscar comida.
Algum tempo depois, chega o dono com muita comida e todos se alimentaram menos a cobra que saiu de fininho e foi para de traz de uma pedra.
- Cadê a cobra, perguntou o menino.
O facão deu uma gargalhada e disse:
A cobra vai fumar.
- Fumar? como fumar! Indagou o menino.
- Melhor falando, a cobra foi fumar.,
- Credo, essa cobra é viciada, olha lá, ela ta fumando, falou o urubu.
- Você não tem vergonha sua cobra, larga esse vício, a senhora está sem cor, está pálida, vive com falta de ar, cansada. Gritou o menino.
- Largo não! Respondeu a cobra, eu fumo faz muito tempo e nem pulmão eu tenho mais, deve estar preto, mas, fazer o que, eles me viciaram.
-É verdade, deve estar da cor do seu urubu. Ê dona cobra, a senhora ta no fim do pito. Riu o cavalo.
- Ah! Tem uma lei ai que proibe fumar em lugares fechados e onde tem mais pessoas, disse o urubu.
- Riu a cobra, onde tem pessoas aqui, só o menino...
- Vai te catar sua cobra ignorante, você entendeu, disse a borboleta.
- Vamos parar com essa discussão, disse o menino.
- Mas a cobra vai fumar mais ainda, porque á vem um galo cego para pegar a cobra. Disse o Urubu.
- Socorro, socorro. Gritou a cobra, nem mais cigarro ela tinha na boca.
Nisso o cavalo parou diante da cobra, que já era amiga, e o galo colocou o rabo entre as pernas e saiu de fininho.
- Vamos embora, falou o menino.
Despediram-se, e acenando para o dono e a menina, partiram.
Caminharam os quilômetros de volta e depararam com o velho homem chorando, se descabelando, pois, a chuva que deu, foi de granizo e deitou todo o milharal, estragou toda a plantação.
O falcão logo falou:
- Bem feito, ele quis nos matar, nos negou uma espiga de milho e água fresca. Bem feito para ele.
- Nada disso senhor Falcão, não vamos rir da desgraça dele. Ele pode ser um avarento, mas, é um humano, e se foi castigo, não sei, ele vai repensar sua vida. A gente não pode julgar as pessoas e nem condena-las, pois, neste caso, só Deus e ELE sabe o que faz,.Disse o menino.
-Está certo menino, pela minha experiência de vida, você disse tudo. Disse a cobra.
O menino se aproximou do velho e falou:
- Senhor, podemos ajudá-lo?
 O velho com os olhos cheios de lágrimas e voz trêmula falou:
- Estou envergonhado por ter negado água e comida para vocês. Talvez este tenha sido o meu castigo, porque li na Bíblia que Deus disse: Dá de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, e eu neguei comida e água para vocês. Disse o velho.
- Olha não se preocupe com isto, nós vamos ajudá-lo, estou vendo que o senhor não tem empregado aqui e eu posso ajudá-lo.
- Não é preciso menino, não é preciso, amanhã eu vou ver o que fazer, obrigado, aprendi uma grande lição, que por mais que a gente  se ache auto suficiente, por mais que a gente se sinta dono da verdade e arrogante, existe algo superior ás nossas forças capaz de nos fazer repensar sobre nossas atitudes. Isto que aconteceu não é mais importante do que a lição que aprende de um menino e seus companheiros, que mesmos sendo maltratados por mim, viram o meu sofrimento e se prontificaram a me ajudar. Isto valeu por tudo. Disse o velho homem.
Então, já que o senhor não precisa da gente, vamos seguindo nosso destino.
E, em fila indiana, seguiram o menino a um destino que ele próprio não conhecia.
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HOMENAGENS PÓSTUMAS

" In memoriam"

 

    

 

 

 

 

Quero homenagear meus pais Sr. Honorato Ferreira Lima

e Diomàlia Maria de Araújo Lima

que, por passamento, não conheceram as palavras

deste poeta.

                                                                           

  

 

 

 

 

 

 

Também quero homenagear o Comendador Sr. Sebastião e Sra.   

Ângela Inocêncio Pereira,(Itajubá-MG), genitores de uma encantada poeta,

que de igual forma, também não conheceram o dom poético de sua filha querida.

Eximia poestisa que sempre será inspiração para o meu coração cancioneiro.