O TEMPO QUE O TEMPO TEM
(Sócrates Di Lima)

O tempo marca o compasso,
O relógio assinala o tempo,
Há na minha alma um vazio espaço,
Deixado no contratempo.

E a manhã acorda,
Lá fora segue o caminho,
Passos largos á borda,
Da estrada em desalinho.

È na cavalgada da vida,
Que na alma o relógio caminha lento,
Onde uma vida toda vivida,
Viaja junto ao vento.

Com as asas abertas,
Viajo no trem da posteridade,
No peito lavras de poetas,
Marcadas em nuvens de saudade.

E quando se abre as portas do dia,
O corpo espalhado na cama,
É chamado em hora tardia,
Ao ouvir a voz do tempo que chama.

Fecham-se as portas da alma,
E o corpo caminha lento,
Segue o compasso em calma,
Rumo ao horizonte do vento.

Seguindo vai o destino,
Levando em frente o amor sonhado,
Levando o coração do homem menino,
Para bem longe das mãos do bem amado.

E o novo tempo que começou,
Fixou metas de um tempo bem tido,
Onde meu coração disparou,
No tempo que me fez renascido.

É chegada a hora,
De brindar a vida pelo amor vivido,
Aqui dentro a saudade se recusa a ir embora,
E deixa do lado de fora , tudo que no tempo se fizer esquecido.

E não faz tempo nenhum,
Que o tempo se fez tempo também,
Deixando e levando o tempo, um a um,
O tempo que o tempo tem.